domingo, 6 de novembro de 2011

O sorriso da infância


Arrecadar e registrar sorrisos. Esse foi o desafio lançado na minha última aula de Introdução à Fotografia. A idéia pegou a maioria de surpresa e fez surgir, na face dos jovens estudantes, alguns sorrisos. Eu também sorri. O meu pensamento estava dividido: por um lado, eu vibrava com a idéia e por outro, eu desconfiava: será que vai dar certo? Acreditando ou não na eficácia da atividade, precisávamos nos reunir em grupos e pôr a ‘mão na massa’. Ou melhor, colocar a máquina fotográfica no pescoço, a cabeça pra funcionar e permitir que os comunicadores que existem dentro de nós se expressassem com toda a potência. E é claro, teríamos que deixar a timidez dentro da sala de aula, quietinha, sem atrapalhar a nossa empreitada pelo campus da universidade. Munidos apenas de uma máquina, um cartaz para chamar a atenção e um sorriso no rosto para dar o bom exemplo lá partimos para cumprir nossa missão de convencer as pessoas a registrar o seu sorriso.
Mais do que belas fotos, essa atividade revelou fatos interessantes que me fizeram refletir. Captamos sorrisos de casais, homens (não muitos), mulheres (a maioria) e crianças. O que eu pude constatar com os retratos ( e os membros dom meu grupo também perceberam isso) foi: quem sorri com mais sinceridade e espontaneidade são as crianças. A alegria transparecia naqueles sorrisos infantis.
Conforme vamos crescendo, parece que somos tomados pelo receio. Temos medo de nos expor demasiadamente (até mesmo por um sorriso), medo de nos revelar verdadeiramente, medo do que os outros podem pensar. Não estou dizendo que os adultos são incapazes de expressar um sorriso sincero. É claro que não. Estou apenas querendo demonstrar que a maturidade, por vezes, no traz receios desnecessários. A incessante desconfiança.
Às vezes, é bom deixar que a criança interior se expresse. Revelar o eu interior que, de tão recluso, corre o risco de ser esquecido. Deixar as máscaras de lado, sem medo de ser feliz. Demonstrar o mais puro sorriso, que não está somente nos lábios, mas também, no olhar.

Para concluir, deixo uma reflexão do livro que eu estou lendo chamado ‘Miragem’:

 “Redescobrir a pureza da infância é o embasamento para a compreensão das grandes verdades”
Luciana Soares