Durante um ano, são muitas as pessoas que entram e
saem de nossas vidas. Pessoas que deixam marcas, ensinamentos, saudade. Porém,
para aqueles que apreciam o hábito da leitura, não são somente os seres da
realidade que preenchem os nossos dias. Alguns personagens inusitados e (em sua
maioria) fictícios, presentes nas páginas de contos e romances, ganham a
oportunidade de entrar em nosso mundo real quando motivam reflexões e pequenas
mudanças. Inseridos em histórias e relatos eles são capazes de nos embriagar a
ponto de ficarmos refletindo sobre suas aventuras e inquietações, que passam a
ser um pouco nossas também. Durante o ano de 2012, foram muitos os personagens
que fizeram parte do meu mundo literário. As incertezas e apreensões do jovem
escritor David Martín, protagonista do Jogo
do Anjo, se misturaram com o sentimento de justiça e perseverança da também
novata advogada Jeniffer Parker, em um livro de título semelhante – A Ira dos Anjos – mas enredo e estilo
diversos. Depois de Barcelona de Zafón e da Big Apple de Sidney Sheldon viajei
para Sarajevo onde Hanna me mostrou a satisfação que ganhamos ao escolher a
profissão certa, especialmente quando ela gera um bem comum. No caso de Hanna
recuperando, nas Memórias do Livro, parte
do conhecimento humano.
A França também esteve no meu roteiro e foi cenário
para as traições, o tédio e os sonhos incertos da insatisfeita Madame Bovary,e para o amor intenso e
proibido de Peter e Olívia, no decorrer de Cinco
dias em Paris. Estes livros demonstraram que a felicidade é infinitamente
superior e mais importante que a manutenção das aparências. Já a história de Christine
comprovou que omissões e meias verdade podem passar, de soluções momentâneas a
problemas irreparáveis, pois para a pergunta “Você pode guardar um segredo?” a resposta é incerta, duvidosa e tem
prazo de validade.
Também senti na pele as mazelas de outro mal, quando
a diversão vira vício, na angústia interminável de Ivanovich, O Jogador de
Dostoiévski. Já Os Três Mosqueteiros
(que na verdade se tornaram quatro) me mostraram que a união não somente
faz a força, mas também pode significar a salvação.
E no livro mais encantador que já tive o prazer de
me aventurar um Pequeno Príncipe me
mostrou que a inversão de valores tomou conta do nosso tempo. A beleza, que
está nas coisas mais simples, deve ser apreciada e cultivada para florescer.
Enfim, estes e outros personagens invadiram o meu
imaginário e a minha subjetividade nos últimos tempos. E que venha 2013,
carregado de narrativas envolventes que merecem ser prestigiadas.