sábado, 5 de janeiro de 2013

Sobre livros, ficção e realidade


Durante um ano, são muitas as pessoas que entram e saem de nossas vidas. Pessoas que deixam marcas, ensinamentos, saudade. Porém, para aqueles que apreciam o hábito da leitura, não são somente os seres da realidade que preenchem os nossos dias. Alguns personagens inusitados e (em sua maioria) fictícios, presentes nas páginas de contos e romances, ganham a oportunidade de entrar em nosso mundo real quando motivam reflexões e pequenas mudanças. Inseridos em histórias e relatos eles são capazes de nos embriagar a ponto de ficarmos refletindo sobre suas aventuras e inquietações, que passam a ser um pouco nossas também. Durante o ano de 2012, foram muitos os personagens que fizeram parte do meu mundo literário. As incertezas e apreensões do jovem escritor David Martín, protagonista do Jogo do Anjo, se misturaram com o sentimento de justiça e perseverança da também novata advogada Jeniffer Parker, em um livro de título semelhante – A Ira dos Anjos – mas enredo e estilo diversos. Depois de Barcelona de Zafón e da Big Apple de Sidney Sheldon viajei para Sarajevo onde Hanna me mostrou a satisfação que ganhamos ao escolher a profissão certa, especialmente quando ela gera um bem comum. No caso de Hanna recuperando, nas Memórias do Livro, parte do conhecimento humano.

A França também esteve no meu roteiro e foi cenário para as traições, o tédio e os sonhos incertos da insatisfeita Madame Bovary,e para o amor intenso e proibido de Peter e Olívia, no decorrer de Cinco dias em Paris. Estes livros demonstraram que a felicidade é infinitamente superior e mais importante que a manutenção das aparências. Já a história de Christine comprovou que omissões e meias verdade podem passar, de soluções momentâneas a problemas irreparáveis, pois para a pergunta “Você pode guardar um segredo?” a resposta é incerta, duvidosa e tem prazo de validade.

Também senti na pele as mazelas de outro mal, quando a diversão vira vício, na angústia interminável de Ivanovich, O Jogador de Dostoiévski. Já Os Três Mosqueteiros  (que na verdade se tornaram quatro) me mostraram que a união não somente faz a força, mas também pode significar a salvação.

E no livro mais encantador que já tive o prazer de me aventurar um Pequeno Príncipe me mostrou que a inversão de valores tomou conta do nosso tempo. A beleza, que está nas coisas mais simples, deve ser apreciada e cultivada para florescer.

Enfim, estes e outros personagens invadiram o meu imaginário e a minha subjetividade nos últimos tempos. E que venha 2013, carregado de narrativas envolventes que merecem ser prestigiadas.