quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Elis Regina - A estrela eterna

Elis. A voz que cantou e encantou o Brasil e o mundo. A voz que falou por todos, que cantou com a força e a graça que todos queriam e precisavam ter em tempos difíceis. Elis não foi uma simples cantora. Aliás, de simples ela não tinha nada. Ela foi a intérprete que, com toda a intensidade, personificou um Brasil de efervescência cultural, do surgimento da Bossa Nova, da boêmia carioca e da luta contra a censura. Elis não participou de passeatas ou grandes protestos contra o regime militar, mas sua voz cantando “O Bêbado e a Equilibrista” ou ainda “Chegadas e Partidas” foi ouvida por milhões de brasileiros e representou a dor de milhares de cidadãos que perderam ou foram afastados de amigos e familiares.

Elis nasceu em 1945. Naquela época, ninguém imaginava que aquela menina tímida de 1,5 m de altura e levemente vesga iria se transformar na “pimentinha”, amada pelo Brasil, que daria um golpe no conservadorismo. E sua morte precoce foi um grande susto para fãs, amigos, familiares e admiradores. A música nacional perdeu seu mais precioso diamante. Ela estava longe de ser um falto brilhante.

 Mas Elis não conquistou apenas pela sua voz e interpretação praticamente impecáveis. Ela encantou pelo sorriso e simpatia, pelo olhar e sinceridade, pela intensidade, autenticidade, bondade e inúmeros outros adjetivos terminados em “ade”, que atualmente parece estarem em extinção. Não lembro ao certo quando comecei a me interessar por Elis, mas lembro que ela me surpreendeu e envolveu como nenhum cantor atual seria capaz. Ouvindo suas músicas, sinto como se ela ainda estivesse viva.

Com o tempo e a maturidade, o interesse por sua música e história só aumentou. Assisti entrevistas, programas especiais, li sua biografia - que não pode ter nome mais adequado: “Furação Elis” -, visitei seu memorial em Porto Alegre, procurei seus discos entre os LPs de minha mãe e recentemente comprei o disco Falso Brilhante em uma loja de colecionadores. Ouvi na vitrola da minha vó, que também é uma grande fã e me contou várias histórias de quando Elis estava viva. Foi então que finalmente entendi: Elis é insubstituível.

 Trinta anos após sua morte, ela ainda é lembrada, suas músicas são tocadas nas rádios e seus fãs não a esqueceram. Ninguém conseguiu superá-la. Mas por um lado é bom que ela não esteja aqui para assistir a essa decadência musical brasileira.  A maioria dos bons cantores é antiga; e os cantores jovens que se salvam não fazem o sucesso que mereceriam.

Elis está longe de ser um meteoro desses que, com a mesma velocidade que surgem, desaparecem. Elis é como uma estrela: brilhante, inatingível e (excepcionalmente) eterna.







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