Foto de Mauro de Blanco |
Uma exposição de fotografias em preto e branco pode motivar
muitas reflexões. Em um sábado de agosoto fui até o museu municipal observar o
acervo fotográfico deixado por Mauro de Blanco, um dos maiores fotógrafos da
história caxiense. E aquelas imagens me
remeteram a uma época em que tudo
parecia mais natural, limpo, puro e belo. Uma Caxias em preto e branco em que
os prédios, com sua beleza clássica, não estavam escondidos por enormes e
desagradáveis banners gigantes, que destroem por completo a estética da área
central. Uma cidade em que as olimpíadas municipais eram amplamente apreciadas,
em que os desfiles de bandas eram considerados eventos marcantes e não uma incomoda
obrigação, em que os pavilhões da renomada Festa da Uva acabavam de ser construídos. E a nostalgia de
tempos não vividos apareceu como um tsunami no meu mar de reflexões. Saí de lá ainda
menos tolerante a vulgaridade estética e sonora que invadiu nossa cidade, fruto
da ignorância e da perda de valores. Podem me chamar de careta, mas nunca vou
me acostumar à superficialidade e apologia ao consumismo em que estamos
mergulhados. O lado obscuro da tão aclamada modernidade.
No mesmo dia fui até o shopping reencontrar algumas das ‘velhas’
amigas, do tempo do colégio. De cabelos mais curtos, mais lisos ou naturais, a
conversa demonstrou que, diferente de nossas aparências, a afinidade permanecia
intacta, comprovando que amizades verdadeiras não têm prazo de validade, e que,
como diria Shakespeare ‘continuam a crescer mesmo a longas distâncias’. Uma
dessas amigas nos entregou o convite do aniversário de 15 da sua irmã, e então,
mais um momento nostálgico. Dessa vez, recordações de uma época já vivida, em
que nossas maiores preocupações eram o presente de 15 que iríamos comprar e a
prova de matemática do dia seguinte.
Apesar da saudade desse período tão marcante, foi bom observar aqueles rostos
há tempos conhecidos e perceber que agora, mais maduras e experientes,
continuávamos sendo parceiras, confidentes, sendo as risadas o ingrediente
principal dos nossos encontros. Nem a batata frita queimada atrapalhou este instante
de re-vivências. Por coincidência, ou destino, no mesmo dia encontramos uma
professora do ensino médio no shopping. Entre comprimentos e sorrisos, mais uma
vez aquele sentimento de que o tempo não passou.
Um pettit gateau com sorvete e uns episódios divertidíssimos
de Bob Esponja fecharam o dia. Um sábado em que experimentei os dois lados da
nostalgia. Percebi que o tempo apenas passa e depende de nós honrar o passado,
fazendo com que o presente seja uma dádiva da qual poderemos futuramente nos
orgulhar.
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