domingo, 25 de março de 2012

A pena, o papel e a Bossa Nova


Às vezes sinto-me sufocada com minhas próprias palavras e reflexões. Não consigo recitar alguns dos meus pensamentos, e nem sequer pensá-los organizadamente.  Preciso escrever. A escrita para mim é aquela relação íntima entre eu, a caneta e o papel. É bem diferente da relação um tanto fria que existe entre os dedos e o teclado. Digitar é mais automático. Escrever exige intensidade e emoção. É uma forma de nostalgia.

Tenho ideias extremamente nostálgicas. Gosto de hábitos considerados antigos e pretendo realizá-los no futuro. Contraditório? Depende do ponto de vista.

Já vejo minha futura casa com uma sala repleta de livros. Meu paraíso secreto. Eu chego do trabalho, atiro a bolsa no sofá da sala, tiro os sapatos, desfaço o penteado e me atiro (com cansaço e alegria) na poltrona da minha mini biblioteca. Em seguida levanto ( porque não consigo ficar muito tempo parada), vou até a minha coleção de LPs e escolho o meu preferido: Elis e Tom. Coloco na vitrola.
Na sequência sirvo uma taça de vinho da safra de 1910 (ok, se continuar não gostando de vinho será suco de uva mesmo). Tomo um gole e observo a marca na taça deixada pelos vestígios de batom que ainda possuía nos lábios.

Finalmente vou até a escrivaninha, sento na cadeira e pego minha caneta-pena. Olho para o papel de tom amarelado e começo, mais uma vez, a me revelar tal como sou. Eu, a caneta, o papel e a sinfonia da bossa nova. Escrever é  e sempre será a minha única e mais eficaz terapia.


Obs: Por mais que esse texto venha a ser digitado, o primeiro passo foi transcrevê-lo para o papel.


3 comentários:

  1. A necessidade de escrever vem antes do o quê.
    GK

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  2. Amo escrever, mas às vezes meus pensamentos me sufocam e termino escrevendo nada com nada, ou seja, tudo sem sentido...

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