quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O comodismo nosso de cada dia


Comodismo é um atraso de vida. É pior que a preguiça. É mais duradouro. Comodismo é se conformar com o que não está bom. A situação não é boa, mas é minimamente aceitável. Então deixa assim. É dessa forma que as pessoas vão se acostumando, dia após dia, com a falta de felicidade. Não é que sejam infelizes. Elas simplesmente se conformam com a ausência daquela alegria de viver.

Sonhar é bom, mas não basta. É preciso correr atrás do que se quer, não desistir na primeira dificuldade, não se acomodar. Quando estava no ensino médio, tinha um cartão com um trecho de um texto de Roberto Shinyashiki grudado na porta do meu armário. Todos os dias olhava para ele. Uma das partes dizia assim: “se você quiser atingir uma meta especial, terá de estudar no horário em que os outros estão tomando chope com batatas fritas. Terá de planejar, enquanto os outros permanecem à frente da televisão.” Nunca esqueci dessas palavras.

Vontade e dedicação são imprescindíveis para atingir quaisquer objetivos. Dos mais modestos aos mais grandiosos. E sempre será necessário abrir mão de algo. Eleger prioridades. A verdade é que o comodismo é uma espécie de câncer. É silencioso, normalmente demora para ser percebido, e vai matando, pouco a pouco, nossa felicidade. Por isso, fique atento. Quando detectado tardiamente, o quadro pode ser irreversível.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O tempo de uma amizade

Há pouco mais de dez dias comemorou-se o dia do amigo. Uma data bastante curiosa pois, diferente de outras datas comemorativas, esta homenageia uma pluralidade de pessoas de maneira que é quase impossível você aproveitar esse dia com todos os que gostaria de estar celebrando. Mas, mais curiosa do que essa data, é o sentimento que deu origem a ela: a amizade.

 Pode parecer um assunto um tanto clichê, afinal muito já foi falado sobre o poder das verdadeiras amizades, a sorte daqueles que têm amigos de uma vida inteira etc. Já foram escritos textos, declarações e poesias sobre este tão nobre sentimento. Mas a minha intenção é diferenciada. Gostaria de refletir sobre as amizade a partir de outra perspectiva. Falar sobre os diferentes tipos de amizade, e seus respectivos tempos de duração. Não há como negar que, no decorrer da vida, nos deparamos com amigos falsos e verdadeiros.

Mas, se uma amizade não dura uma vida inteira, isso não significa, necessariamente, que ela é de mentira. Existem amizades que, apesar de momentâneas, não deixam de ser verdadeiras. Afinal, quem nunca passou horas rindo, conversando e se divertindo com uma pessoa até então desconhecida que foi apresentada por parentes em uma almoço dominical. Durante aquela tarde, aquela pessoa foi uma grande amiga. Pode ser que você nunca mais volte a vê-la, mas isso não tira o mérito daquele encontro.


Algumas amizades duram uma semana: aquele grupo de amigos que você conheceu na praia. Outras que duram um ou dois anos, até o seu amigo mudar de colégio ou de emprego. E, é claro, existem aquelas amizades indestrutíveis, que resistem ao tempo, à distância e a todo e qualquer obstáculo. Essas, sem dúvida, são as mais raras e profundas. Mas as outras, aquelas de momento, também têm um papel especial em nossas vidas.

 Pois, para mim, o que determina o valor de uma amizade não é o seu tempo de duração (contado nos ponteiros do relógio), mas sim a capacidade de entrega dos amigos nos momentos passados juntos. Parafraseando o poeta Vinícius de Moraes, assim como no amor, o mais importante de uma amizade é que ela seja infinita enquanto dure.

terça-feira, 30 de julho de 2013

A linguagem do olhar

Olhares. Ultimamente ando intrigada com este sentido tão natural dos seres humanos. Um olhar diz o que? Muito mais do que qualquer palavra pois a linguagem do olhar é tão expressiva e verdadeira que não pode ser facilmente manipulada (e nem sequer calada). O modo de falar dos olhos, porém, é metafórico, subjetivo.É como uma poesia. É preciso prestar atenção, ler e reler e transpor algumas barreiras para compreendê-lo em sua plenitude.A tradução de um olhar não é uma ato objetivo e inteligível. Não é possível transpor em palavras. Ele é auto-explicativo por si só.


Há pessoa que possuem ou adquirem olhares enigmáticos. Pessoas com dons sublimes, muitas vezes não reconhecidos ou devidamente valorizados. O olhar perdido no tempo e nas notas musicais no momento da criação.Pessoas cujos olhos mostram, simultaneamente, a dor do sofrimento jamais apagado e a alegria da superação nunca abandonada.

O brilho no olhar. Este é próprio daqueles que têm convicção em seus sonhos.Aqueles que enxergam muito além das barreiras e para quem as limitações são sempre passageiras.

Há ainda os que possuem o olhar límpido como água. Olhos que resumem o seu ser.Alguns deste deixam-se revelar. Outros criam artifícios na tentativa de evitar o sofrimento que a transparência excessiva pode trazer.
A verdade é que os olhares, mais do que vistos, precisam ser sentido. Esta é a única maneira que possibilita a interpretação deste linguajar propositalmente misterioso.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Sobre livros, ficção e realidade


Durante um ano, são muitas as pessoas que entram e saem de nossas vidas. Pessoas que deixam marcas, ensinamentos, saudade. Porém, para aqueles que apreciam o hábito da leitura, não são somente os seres da realidade que preenchem os nossos dias. Alguns personagens inusitados e (em sua maioria) fictícios, presentes nas páginas de contos e romances, ganham a oportunidade de entrar em nosso mundo real quando motivam reflexões e pequenas mudanças. Inseridos em histórias e relatos eles são capazes de nos embriagar a ponto de ficarmos refletindo sobre suas aventuras e inquietações, que passam a ser um pouco nossas também. Durante o ano de 2012, foram muitos os personagens que fizeram parte do meu mundo literário. As incertezas e apreensões do jovem escritor David Martín, protagonista do Jogo do Anjo, se misturaram com o sentimento de justiça e perseverança da também novata advogada Jeniffer Parker, em um livro de título semelhante – A Ira dos Anjos – mas enredo e estilo diversos. Depois de Barcelona de Zafón e da Big Apple de Sidney Sheldon viajei para Sarajevo onde Hanna me mostrou a satisfação que ganhamos ao escolher a profissão certa, especialmente quando ela gera um bem comum. No caso de Hanna recuperando, nas Memórias do Livro, parte do conhecimento humano.

A França também esteve no meu roteiro e foi cenário para as traições, o tédio e os sonhos incertos da insatisfeita Madame Bovary,e para o amor intenso e proibido de Peter e Olívia, no decorrer de Cinco dias em Paris. Estes livros demonstraram que a felicidade é infinitamente superior e mais importante que a manutenção das aparências. Já a história de Christine comprovou que omissões e meias verdade podem passar, de soluções momentâneas a problemas irreparáveis, pois para a pergunta “Você pode guardar um segredo?” a resposta é incerta, duvidosa e tem prazo de validade.

Também senti na pele as mazelas de outro mal, quando a diversão vira vício, na angústia interminável de Ivanovich, O Jogador de Dostoiévski. Já Os Três Mosqueteiros  (que na verdade se tornaram quatro) me mostraram que a união não somente faz a força, mas também pode significar a salvação.

E no livro mais encantador que já tive o prazer de me aventurar um Pequeno Príncipe me mostrou que a inversão de valores tomou conta do nosso tempo. A beleza, que está nas coisas mais simples, deve ser apreciada e cultivada para florescer.

Enfim, estes e outros personagens invadiram o meu imaginário e a minha subjetividade nos últimos tempos. E que venha 2013, carregado de narrativas envolventes que merecem ser prestigiadas.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

As facetas da Nostalgia

Foto de Mauro de Blanco

Uma exposição de fotografias em preto e branco pode motivar muitas reflexões. Em um sábado de agosoto fui até o museu municipal observar o acervo fotográfico deixado por Mauro de Blanco, um dos maiores fotógrafos da história caxiense.  E aquelas imagens me remeteram a uma época em que  tudo parecia mais natural, limpo, puro e belo. Uma Caxias em preto e branco em que os prédios, com sua beleza clássica, não estavam escondidos por enormes e desagradáveis banners gigantes, que destroem por completo a estética da área central. Uma cidade em que as olimpíadas municipais eram amplamente apreciadas, em que os desfiles de bandas eram considerados eventos marcantes e não uma incomoda obrigação, em que os pavilhões da renomada Festa da Uva  acabavam de ser construídos. E a nostalgia de tempos não vividos apareceu como um tsunami no meu mar de reflexões. Saí de lá ainda menos tolerante a vulgaridade estética e sonora que invadiu nossa cidade, fruto da ignorância e da perda de valores. Podem me chamar de careta, mas nunca vou me acostumar à superficialidade e apologia ao consumismo em que estamos mergulhados. O lado obscuro da tão aclamada modernidade.

No mesmo dia fui até o shopping reencontrar algumas das ‘velhas’ amigas, do tempo do colégio. De cabelos mais curtos, mais lisos ou naturais, a conversa demonstrou que, diferente de nossas aparências, a afinidade permanecia intacta, comprovando que amizades verdadeiras não têm prazo de validade, e que, como diria Shakespeare ‘continuam a crescer mesmo a longas distâncias’. Uma dessas amigas nos entregou o convite do aniversário de 15 da sua irmã, e então, mais um momento nostálgico. Dessa vez, recordações de uma época já vivida, em que nossas maiores preocupações eram o presente de 15 que iríamos comprar e a prova de matemática  do dia seguinte. Apesar da saudade desse período tão marcante, foi bom observar aqueles rostos há tempos conhecidos e perceber que agora, mais maduras e experientes, continuávamos sendo parceiras, confidentes, sendo as risadas o ingrediente principal dos nossos encontros. Nem a batata frita queimada atrapalhou este instante de re-vivências. Por coincidência, ou destino, no mesmo dia encontramos uma professora do ensino médio no shopping. Entre comprimentos e sorrisos, mais uma vez aquele sentimento de que o tempo não passou.

Um pettit gateau com sorvete e uns episódios divertidíssimos de Bob Esponja fecharam o dia. Um sábado em que experimentei os dois lados da nostalgia. Percebi que o tempo apenas passa e depende de nós honrar o passado, fazendo com que o presente seja uma dádiva da qual poderemos futuramente nos orgulhar. 

terça-feira, 3 de julho de 2012

Palavras soltas



Livro entreaberto, palavra sonora: coadjuvante. Folha mofada. Mancha de vinho, cheiro de café. Máquina de escrever, noite em claro. Nostalgia. Déjà vu. Vidas passadas.
Rua de outono, barulho de salto, música imaginária.
Sorriso que fala, olhar que comunica, palavras que escondem. Subjetividade. Perfume no ar, clima ameno. Sensibilidade.
Cultura, arte clássica. Imortal. Marcas deixadas. Sabedoria transmitida. Experiências que ensinam, erros inevitáveis, triunfos possíveis. União, unidade, precisão.
Chocolate que derrete, aroma de tempero, azeite de oliva. Fome insaciável.
Abraço que consola,  silêncio que perdura, conversa que afaga. Amizade, diversidade. Coisas inexplicáveis que fazem sentido.
Bagunça organizada, organização descabida. Excesso de ideias ausência de tempo. Doze badaladas. Hora de sonhar.
Sol poente, céu rosado. Noite cai, lua minguante.
Ideias inteligíveis, palavras escritas e improfanáveis.  Frase inversa, reversa. Complemento, verbo, sujeito. Desordem insana. Peut-être. Incompreensível pela razão.

Hora do chá. Estamos atrasados. Para que? Não se sabe ao certo. Nada é muito certo quando se viaja no país das maravilhas. Feche os olhos. As repostas virão.



domingo, 8 de abril de 2012

Um pouco de mim

Acordo pela manhã e ponho o braço para fora da janela. Uma mania. Gosto de caminhar ouvindo música e fazendo planos. Leio no ônibus e não fico enjoada. Às vezes meus pensamentos não cabem dentro de mim. Tenho ataques de riso com frequência.  Gasto mais dinheiro em cafés e pubs charmosos do que em festas. E muito mais em livros do que em roupas. Tenho um encanto por livrarias e bibliotecas. Adoro fins de tarde. 
Tenho amigos de todos os estilos e sempre me identifico com algo em cada um deles.

O ballet clássico é uma arte que está impregnada em mim.  Parada, estou sempre na meia ponta. Uma música clássica me faz dançar sem que eu perceba. Sapatos de salto me causam mais dor nos pés do que sapatilhas de ponta. Alguns dias sem dança me causam síndrome de abstinência.

Não gosto de futebol, mas na copa do mundo pareço uma torcedora fanática e uma expert no assunto.

Amo a língua francesa, mas conheço mais vocabulário em inglês. Quero morar em Paris, mas uma viagem para Nova York também me encanta. O espanhol não me atrai, mas acho as músicas castelhanas um charme. Adoro tango.

Por falar em música, tenho uns gostos que ninguém entende. Meu celular tem mais música brasileira do que internacional (uma raridade hoje em dia). As músicas populares brasileiras antigas me emocionam. Meus cantores e cantoras favoritos já morreram e são os mesmos da minha vó. Gosto de rock, mas não conheço muita coisa. Adoro blues, mas não conheço quase nada.

Outras estranhezas: não gosto muito de feriados, especialmente nas quartas-feiras. Não tomo bebidas alcoólicas. O gosto não me agrada, e os efeitos muito menos. Gosto de trabalhar e de estudar assuntos relacionados à profissão que escolhi. O jornalismo é a minha paixão.

Adoro cachorros. Sonho em ter um cavalo. Já tive duas tartarugas.

Sou fascinada por coisas antigas. Às vezes acho que nasci na época errada. Quando viajo, passo mais tempo nos museus do que em qualquer outro lugar. Construções antigas, LPs, vitrolas, cartas, fotos em preto e branco. É tudo misteriosamente nostálgico.

Adoro escrever e guardar citações e frases profundas. Decoro músicas e poesias com facilidade.  Declaro poemas para eu mesma. Gosto de criar histórias na minha cabeça. Para escrever, gosto de crônicas. Para ler, de romances históricos e policiais. Adoro jornais e revistas com grandes reportagens.

Costumo dar mais valor aos cartões do que aos presentes. Tenho uma caixa repleta deles.

Já colecionei anéis de latinha, caracóis, adesivos e pontas de lápis de cor. Hoje coleciono ideias e projetos e tenho convicção de que um dia vou conseguir realizá-los. Sou sonhadora, idealista, filósofa, e tenho orgulho disso.

Filmes históricos, comédias românticas, biografias, dramas e aventuras são os gêneros de filmes que me agradam. Já suspense e terror, nem pensar. Desenhos estão entre os meus preferidos. Alguns, já assisti tantas vezes que sei as falas de cor.

Sou quieta, até você me conhecer realmente. Aí não fecho mais a matraca.

Minha mente é uma miscelânea não muito compreensível, como esse texto. Mas é na minha bagunça que eu me encontro (um dia).