Há algumas semanas , estava assistindo ao programa Pirei, apresentado pela Bety Lago no GNT e me deparei com uma constatação bem interessante. O programa era sobre flores e em determinado momento ela entrevistou um homem em um orquidário. Ele disse que as flores, estas que gostamos de cultivar em vasos e em jardins pessoais, na verdade são inúteis e mesmo assim todos as adoram. Então, comecei a refletir sobre como existem tantas coisas em nossas vidas que são inúteis e, ao mesmo tempo, extremamente necessárias.
Pense bem, o que é realmente útil na sua vida, no sentido de completamente indispensável para a sobrevivência? Comer, dormir, fazer as necessidades e higiene pessoal. Mas, todos sabem que uma vida assim, na verdade, não duraria muito, pois morreríamos de tédio ou de depressão. Que graça teria nossa vida sem aquelas coisas adoravelmente inúteis e inutilmente necessárias? Ler por prazer, viajar por lazer, tomar café com os amigos, sair para se divertir, ouvir música, dançar, assistir filmes, escrever em um blog, aprender novas teorias, decorar novos poemas. A lista é imensa e é graças a tudo isto que a nossa existência neste mundo se torna mais agradável e encantadora, desde que saibamos aproveitar estes momentos
Vivemos em uma época caracterizada pelo o que Martha Medeiros chama de “síndrome da utilidade”. Portanto, é bom refletir sobre tudo isso e perceber que ainda não fomos totalmente dominados por esta síndrome. São muitos os antídotos para a caretice e a monotonia. Seguindo o exemplo das flores, talvez a delicadeza seja um dos melhores meios de prevenção. Delicadeza para perceber e viver cada um destes momentos intensamente. Como diria Affonso de Sant'Anna: "Sejamos delicados. E, se necessário for, cruelmente delicados".
Afinal, realmente seria possível viver sem as inúmeras flores que colorem e alegram nossas vidas? Imagino que não, pois neste caso deixaríamos de viver e passaríamos apenas a existir.
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