domingo, 6 de novembro de 2011

O sorriso da infância


Arrecadar e registrar sorrisos. Esse foi o desafio lançado na minha última aula de Introdução à Fotografia. A idéia pegou a maioria de surpresa e fez surgir, na face dos jovens estudantes, alguns sorrisos. Eu também sorri. O meu pensamento estava dividido: por um lado, eu vibrava com a idéia e por outro, eu desconfiava: será que vai dar certo? Acreditando ou não na eficácia da atividade, precisávamos nos reunir em grupos e pôr a ‘mão na massa’. Ou melhor, colocar a máquina fotográfica no pescoço, a cabeça pra funcionar e permitir que os comunicadores que existem dentro de nós se expressassem com toda a potência. E é claro, teríamos que deixar a timidez dentro da sala de aula, quietinha, sem atrapalhar a nossa empreitada pelo campus da universidade. Munidos apenas de uma máquina, um cartaz para chamar a atenção e um sorriso no rosto para dar o bom exemplo lá partimos para cumprir nossa missão de convencer as pessoas a registrar o seu sorriso.
Mais do que belas fotos, essa atividade revelou fatos interessantes que me fizeram refletir. Captamos sorrisos de casais, homens (não muitos), mulheres (a maioria) e crianças. O que eu pude constatar com os retratos ( e os membros dom meu grupo também perceberam isso) foi: quem sorri com mais sinceridade e espontaneidade são as crianças. A alegria transparecia naqueles sorrisos infantis.
Conforme vamos crescendo, parece que somos tomados pelo receio. Temos medo de nos expor demasiadamente (até mesmo por um sorriso), medo de nos revelar verdadeiramente, medo do que os outros podem pensar. Não estou dizendo que os adultos são incapazes de expressar um sorriso sincero. É claro que não. Estou apenas querendo demonstrar que a maturidade, por vezes, no traz receios desnecessários. A incessante desconfiança.
Às vezes, é bom deixar que a criança interior se expresse. Revelar o eu interior que, de tão recluso, corre o risco de ser esquecido. Deixar as máscaras de lado, sem medo de ser feliz. Demonstrar o mais puro sorriso, que não está somente nos lábios, mas também, no olhar.

Para concluir, deixo uma reflexão do livro que eu estou lendo chamado ‘Miragem’:

 “Redescobrir a pureza da infância é o embasamento para a compreensão das grandes verdades”
Luciana Soares


domingo, 23 de outubro de 2011

O valor do inusitado

Desde os meus 11 anos, adotei o uso de uma agenda pessoal. No começo, ela era usada literalmente como diário, local onde eu escrevia desde os acontecimentos mais interessantes do meu dia a dia até os mais triviais, além de alguns segredos (que nem eram tão secretos assim). Mais tarde, passei a utilizá-la também para marcar os meus compromissos. Ela tinha dupla função: passado e futuro se encontravam nas páginas deste meu artefato tão íntimo. Hoje, ela é utilizada muito mais para marcar o que preciso fazer. Abandonei o hábito de escrever o que me acontece diariamente (até porque não sobra muito tempo para isso). Eventualmente, colo ingressos dos espetáculos que vou prestigiar (considero uma bonita recordação) e também penduro textos e desenhos com os quais me identifico e os quais expressam um pouco dos meus pensamentos ( mesmo que não sejam de minha autoria).
Mas enfim,essa introdução foi só para dar início ao assunto que eu quero abordar. Como já disse, hoje minha agenda cumpre a função mais primordial de objetos da sua espécie, ou seja, registrar compromissos e atividades que não posso esquecer de realizar. Normalmente, escrevo a caneta e se tem uma coisa que sempre me chateou foi registrar eventos na minha agenda e precisar rasurá-los pois acabaram sendo desmarcados por terceiros.
Porém, esses dias estava refletindo sobre isso e percebi que não havia motivo para considerar esse risco sobre as letras uma coisa ruim. Afinal, que graça teria a vida se tudo o que planejássemos acontecesse na hora e no momento previsto, exatamente como imaginamos. Na maioria das vezes, os acontecimentos mais divertidos são aqueles que não estavam em nossos planos. Ou então estavam, mas acontecerão completamente diferente do que pensávamos e muito melhor do que havíamos imaginado. A verdade é que os fatos inesperados são vividos com maior intensidade e autenticidade.
Confesso que ainda não gosto quando pessoas desmarcam encontros, especialmente em cima da hora. Mas, aprendi a me estressar menos com as rasuras na minha agenda. Afinal, como acontece nos textos, quando rasuramos palavras normalmente é porque erramos ou queremos substituí-la por uma mais adequada. Na vida, quando desmarcamos algo é porque não era para acontecer ou porque ele será substituído por um acontecimento ainda melhor. Mesmo aqueles que tem tudo milimetricamente planejado precisam admitir: o inusitado também tem seu valor.

sábado, 17 de setembro de 2011

A sinfonia da diversidade

No último domingo, fui assistir a um espetáculo musical diferente. Foi uma apresentação de rock sinfônico. A orquestra municipal de sopros de Caxias do Sul se uniu a banda de rock progressivo Apocalypse e ao coro municipal para produzir uma música indescritível. Realmente maravilhosa. Não imaginei que gêneros tão diversos poderiam produzir uma melodia tão harmoniosa e emocionante. Uma música que passa a sensibilidade e a emoção do clássico junto com a energia do rock.
Foi aí que percebi como é comum este pré-conceito que temos de pensar que o que é diferente não combina, fica estranho junto. Temos a impressão de que tudo precisa ser combinadinho e parecido. Como poderão coisas aparentemente opostas conviver em harmonia? Pois o rock sinfônico se tornou a minha metáfora para mostrar que isso não só é possível, como é real e concreto. Pois o que eu vi no palco não foram apenas gêneros diferentes que se respeitavam, mas também que admiravam um ao outro e que unidos conseguiram produzir um som ainda melhor do que aquele que produzem separados. Músicas que se completam para produzir uma música realmente completa, capaz de provocar emoções inexplicáveis e complexas.
O espetáculo de rock sinfônico foi aplaudido de pé. Eu os aplaudo de pé não só pelo trabalho fantástico, mas pelo belo exemplo transmitido por eles. O exemplo do respeito mútuo e da união capaz de proporcionar vôos muito mais altos. Em um dia marcado pelos 10 anos do atentado de 11 de setembro, um triste episódio que incentivou tanto ódio, incompreensão e desunião no mundo, foi muito bom prestigiar um espetáculo que demonstrou o contrário de tudo isso. Como disse o maestro Gilberto Salvagni “para mim, música é o contrário de violência”.
Portanto, saudemos a música, a paz e a diversidade.
Quem se interessou pode assistir um trecho do espetáculo em : http://www.youtube.com/watch?v=au0OTbOzTLI

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Às bailarinas...

Hoje, 1º de setembro é dia da bailarina. Eu, como amante do ballet clássico, não poderia deixar de falar sobre isso. Hoje é dia de homenagear pessoas muito especiais. Pessoas que são ao mesmo tempo fortes e sensíveis, doces e severas consigo mesmas. Que passam por cima de dores terríveis, pressão psicológica e muitos outros empecilhos em nome de um único motivo: o amor à dança. Um amor inexplicável a uma das artes mais belas do mundo. Muito mais do que um exercício físico, dançar é exercitar a alma.
Com a dança aprendi a superar meus medos, vencer minhas limitações. Aprendi a acreditar mais em mim mesma, pois o esforço e a dedicação são capazes de nos proporcionar a realização de feitos inimagináveis. Passei a entender perfeitamente aquele famoso ditado que diz: a união faz a força. A arte em si é apenas um dos aprendizados que a dança proporciona. Quando dançamos com amor, sentindo a música, incorporando o personagem, descobrimos a existência de uma emoção extremamente grandiosa (e maravilhosa). Sentimentos que só uma bailarina tem a oportunidade de sentir.
A mais antiga das danças, a clássica (aquela que sobrevive ao tempo), já despertou o interesse e a admiração de inúmeros personagens célebres. Entre eles está o pintor escultor Degas. Este personagem enigmático é um francês que fez diversos quadros belíssimos de bailarinas. Obras que conseguiam, simultaneamente, expressar a beleza e as dificuldades do ballet clássico. Em toda a sua vida ele fez apenas uma escultura intitulada "La petite danseuse de 14 ans" (A pequena bailarina de quatorze anos). Esta obra, com uma surpreendente riqueza de detalhes, deixou horrorizados os conservadores da época. Ela expressava a pessoa que existe atrás de toda a perfeição da bailarina.
Abaixo você pode conferir esta bela escultura, além de outras maravilhosas obras de Degas:



E como diria Nietzsche: "...E que seja perdido o único dia em que não se dançou."

sábado, 27 de agosto de 2011

A escolha certa

Ultimamente venho refletindo sobre como algumas escolhas são importantes em nossas vidas. Acho que uma dessas grandes escolhas é a que fazemos no final do terceiro ano ensino médio(ou um pouco antes) em que decidimos a nossa profissão, a que pretendemos seguir pelo resto de nossas vidas. Algumas vezes, está decisão é alterada do decorrer do percurso. Há pessoas que mudam de curso e outras que, mesmo depois de formadas, decidem fazer algo diferente, montar o próprio negócio ou transformar o hobbie (como a pintura por exemplo) em profissão.
A maioria das pessoas analisa diversos parâmetros para tomar esta difícil escolha. Porém, acredito que existam alguns aspectos que não podem, de maneira nenhuma, se sobrepor a outros. O dinheiro é um deles. É claro que é importante ganhar um salário suficiente para viver bem. Mas ele não pode comandar esta decisão. A ganância, sem dúvida, não traz felicidade. Não há recompensa maior do que trabalhar com o que se gosta e naquilo que se acredita. Ficamos entusiasmados com nossos feitos, superamos nossas limitações e, muitas vezes, realizamos sonhos. Hoje posso afirmar, mais do que nunca, que tenho certeza que fiz a escolha certa. Torço para que todos os estudantes consigam, assim como eu, descobrir o seu talento e o seu sonho e lute por ele. É melhor mudar de opção, mil vezes se for preciso, do que dedicar a vida há algo em que não se acredita. Os obstáculos sempre existirão mas, quando você tem a oportunidade de estagiar ou trabalhar na sua área, fica perceptível que tudo valeu a pena.
Ok, não é errado analisar a remuneração, as vagas no mercado de trabalho e até mesmo ouvir sugestões de amigos e familiares, mas nunca podemos deixar de ouvir a nós mesmos, às nossas  preferências. Já dizia Confúcio: escolha um trabalho que ama e não terá que trabalhar um único dia em sua vida”.

"Pode-se viver no mundo uma vida magnífica, quando se sabe trabalhar e amar: trabalhar pelo que se ama e amar aquilo em que se trabalha."Leon Tolstoi


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O menino, o óculos e a realidade

Domingo (dia dos pais), no final da tarde, estava eu verificando meus e-mails e pensando em um bom tema para escrever no blog. Até tive algumas idéias. Mas, de repente , vejo o e-mail de uma grande amiga minha que tinha como assunto “Arnaldo Jabor”. Eu, como adoro os textos dele, imediateamente abri a mensagem. No final do texto (que é ótimo por sinal) tinha uma observação da minha amiga que dizia: “Um bom tema  para o metaforicamente falando”. E realmente é um ótimo tema. Então, resolvi escrever sobre ele.
O título do texto é “O menino está fora da paisagem”. Ele fala, com muita sinceridade e autenticidade (próprias do Arnaldo Jabor) o que a grande maioria das pessoas pensam sobre os meninos de rua e o que eles pensam da grande maioria  das pessoas. Como um convive com o outro, reage na presença do outro. O menino de rua e a grande metáfora que representa a miséria inocente. A miséria resultante  do mundo capitalista e de suas profundas desigualdades e antíteses. O menino não tem culpa de ser pobre, de estar fora da escola , de precisar mendigar por dinheiro e comida. E talvez, justamente por ele não ter culpa é que nos sentimos desconfortáveis com a sua presença. Relembramos nossa  parcela de culpa e não sabemos que atitude tomar para fazê-la desaparecer. Optamos, normalmente, pelo caminnho mais fácil, ou seja, ignorar a presença do menino. Não só a presença como a existência.  Nas palavras de Arnaldo Jabor:“Ele é um penetra, uma espécie de turista marginal”.
Quando estava mais ou menos no meio da leitura, tirei meu óculos. Ele estava sujo. Percebi que, involuntariamente, eu havia demonstrado uma ótima metáfora para esta situação. A sociedade mantém os óculos sujos para fingir que não enxerga as realidades incomodas como o menino mendigo. Deixá-lo sujo é muito mais comodo. Limpar da trabalho. Pensar e agir para resolver o problema do menino também.
Mas, é cada vez mais freqüente o aparecimento de campanhas de combate à fome e à miséria. Elas tiram e limpam nossos “óculos” e nos abrigam a prestar mais atenção nesta parcela da humanidade. Percebemos então, a miséria que vem se tornando a moral dos seres humanos, que deixam crianças morrerem em nome da permanência do sistema.
Porém, talvez ainda exista uma solução. A dica está implícita na primeira frase do último parágrafo do texto: “Ele (o menino) tem ao menos uma utilidade: estragando nossa paisagem presente, pode melhorar nosso futuro”.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

E a guitarra elétrica?

Ontem, estava eu lembrando da música "Terra de Gigantes", dos Engenheiros do Hawaii, que tem uma linda letra, cheia de reflexões. "Ei, mãe, eu tenho uma guitarra elétrica. Durante muito tempo isso foi só o que eu queria ter. Mas, hei mãe, alguma coisa ficou pra trás, antigamente eu sabia exatamente o que fazer". Este é o início da música e foi o trecho que, desta vez, me chamou mais a atenção e me fez parar para analisar. Fiquei pensando que sempre estamos em busca da conquista de algo e, quando conquistamos, percebemos que aquilo, na verdade, não era tão relevante quanto parecia. Agora já estamos em busca de outra coisa.
Às vezes esta "coisa" se concretiza e transforma-se em bens materiais. Mas, principalmente nestes casos, logo percebemos que não nos tornamos mais realizados com esta conquista. Então, vamos em busca de sonhos, metas, transformações e verdadeiras realizações. Depois de algum tempo percebemos que isto é mais difícil do que parece, mas que, a cada dificuldade superada, nos impulsionamos mais ainda para a realização desta meta.
Lembrei-me de quando tive o primeiro contato com esta música, que foi tocada e cantada pelo professor na aula de História do primeiro ano. Naquela época, lembro que notei o choque de realidade que a música transmitia, mas confesso que não percebi que a resolução para os problemas e as grandes mudanças eram muito mais complexas e requeriam muito mais tempo do que eu imaginava.
Hoje, sei  que o que busco é um verdadeiro ideal, que é maior do que um simples sonho, e que vou precisar de muito mais esforço e força de vontade para alcançá-lo. Tenho o ideal filosófico da sabedoria, o ideal de me tornar uma pessoa melhor, melhorar as pessoas ao meu redor e, por que não, contribuir para melhorar (um pouco que seja) o mundo.
Escolhi uma profissão que a grande maioria das pessoas dizem que não tem muito futuro, que é difícil de conseguir reconhecimento, que o mercado está saturado, que o diploma não é mais tão importante. Porém, acredito que ela pode contribuir na realização do meu ideal. Vou procurar realizá-lo através das minhas palavras, dos textos que irei escrever, das denúncias que irei fazer, dos bons exemplos que irei divulgar e da ação e reação que pretendo ter e provocar nas pessoas. Ação para exigir a justiça, a ética, o comprometimento, a honestidade. Não podemos esperar que o mundo se transforme se ficarmos de braços cruzados. Não vou me deixar vencer por alguns empecilhos, pois, como diz no livro Paz Guerreira: "Entre o caminho mais fácil e mais difícil, eu sempre escolho o mais difícil". Sei que o caminho mais difícil irá me trazer mais ensinamentos e que ele só é mais difícil porque visa a um bem maior.
Minha "guitarra elétrica" se tornou mais difícil de tocar, mais complexa, mas a sua potência aumentou na mesma proporção. Afinal, como a frase da minha camiseta do terceiro ano, trecho de uma música do AC DC:  It's a long way to the top if you wanna rock'n roll.
Você já parou para pensar qual é a sua “guitarra elétrica”?

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Flores - inutilmente necessárias

Há algumas semanas , estava assistindo ao programa Pirei, apresentado pela Bety Lago no GNT e me deparei com uma constatação bem interessante. O programa era sobre flores e em determinado momento ela entrevistou um homem em um orquidário. Ele disse que as flores, estas que gostamos de cultivar em vasos e em jardins pessoais, na verdade são inúteis e mesmo assim todos as adoram. Então, comecei a refletir sobre como existem tantas coisas em nossas vidas que são inúteis e, ao mesmo tempo, extremamente necessárias.
Pense bem, o que é realmente útil na sua vida, no sentido de completamente indispensável para a sobrevivência? Comer, dormir, fazer as necessidades e higiene pessoal. Mas, todos sabem que uma vida assim, na verdade, não duraria muito, pois morreríamos de tédio ou de depressão. Que graça teria nossa vida sem aquelas coisas adoravelmente inúteis e inutilmente necessárias? Ler por prazer, viajar por lazer, tomar café com os amigos, sair para se divertir, ouvir música, dançar, assistir filmes, escrever em um blog, aprender novas teorias, decorar novos poemas. A lista é imensa e é graças a tudo isto que a nossa existência neste mundo se torna mais agradável e encantadora, desde que saibamos aproveitar estes momentos
Vivemos em uma época caracterizada pelo o que Martha Medeiros chama de “síndrome da utilidade”. Portanto, é bom refletir sobre tudo isso e perceber que ainda não fomos totalmente dominados por esta síndrome. São muitos os antídotos para a caretice e a monotonia. Seguindo o exemplo das flores, talvez a delicadeza seja um dos melhores meios de prevenção. Delicadeza para perceber e viver cada um destes momentos intensamente. Como diria Affonso de Sant'Anna: "Sejamos delicados. E, se necessário for, cruelmente delicados".
 Afinal, realmente seria possível viver sem as inúmeras flores que colorem e alegram nossas vidas? Imagino que não, pois neste caso deixaríamos de viver e passaríamos apenas a existir.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

"Venceu a arte!"

Apesar de ser estudante de Jornalismo, confesso que raramente paro para assistir ao Globo Repórter. Normalmente, deixo a TV ligada e faço milhares de coisas ao mesmo tempo,  enquanto ouço um ou outro trecho das reportagens.

Entretanro, na última sexta, a temática do programa me chamou a atenção. O assunto central eram os trabalhadores que ganham a vida nas ruas e conquistam os mais variados tipos de público. Por ser uma amante das artes de modo geral, o trecho que mais me envolveu foi o que falava dos artistas de rua. O escultor de areia talentosíssimo e as estátuas humanas... Estas me fizeram literalmente parar para assistir e ouvir um pouco as suas histórias. Sempre fui uma grande admiradora destes artistas que fazem parte do cenário das cidades e levam um pouco de beleza, arte, cultura, leveza e humanidade aos centros que estão cada vez mais cinzentos. Eles vão na contramão do corre-corre das grandes cidades, e as pessoas param para ver, pois ficam encantadas com a perfeição do trabalho. De certa forma, com muita maestria, eles conseguem combater a indiferença, um grande mal que está se disseminando nos dias atuais.

Porém, sempre existem aqueles que se tornaram tão indiferentes que sequer a arte conseguem reconhecer. Desta vez, a guarda municipal do Rio de Janeiro tornou-se a vilã por querer espantar o artista. Os guardas não queriam permitir que ele permanecesse ali, parado no centro do Rio. O artista perdeu a pose e chorou. Eu sentei na cama e chorei. Senti uma mistura de indignação e tristeza. Imagino que foi o mesmo que a estátua humana sentiu. Foi aí que ocorreu algo inusitado... O povo uniu-se ao artista em defesa da arte e do direito da liberdade de expressão. Muitas pessoas reuniram-se em volta da estátua e surgiram frases... palavras de um povo que não aguenta mais tanta injustiça... palavras de revolta, da sabedoria popular:

"Coitado do cara, trabalhando aí, não fez mal a ninguém..."

"Assaltar pode, roubar pode, trabalhar não..."

"É direito do ser humano se expressar."

"Um artista não podendo mostrar a obra dele."

Palavras simples de um povo simples que, apesar de todos os desencantos da vida, ainda sabe reconhecer a arte e estava disposto a defendê-la. A estátua também falou: "Eu só quero levar um mundo diferente pra muita gente". E assim, depois de algum tempo, os guardas resolveram permitir que o artista trabalhasse. Ele, com alívio e emoção perceptíveis, lançou a frase da vitória: "Venceu a arte!"

Neste momento, percebi que, por mais que a cultura não seja incentivada e valorizada como deveria, temos certo poder natural para reconhecê-la, e um instinto para defendê-la. Basta que não deixemos que a indiferença nos cegue.

A arte venceu, o povo brasileiro venceu, herois anônimos se revelaram. Senti um orgulho muito maior do que quando a seleção vence um jogo de futebol. Mais do que orgulho, senti admiração por todas estas pessoas que se uniram em defesa da justiça, da arte e do artista.

P.S.: Parabenizo também o jornalista Christian Caseli, que gravou este acontecimento com o celular e postou no You Tube com o título: "Proibido parar". E à equipe do Globo Repórter por perceber a relevância do fato e divulgá-lo ainda mais.


sábado, 30 de julho de 2011

Aproveitando o tempo “perdido”

Se um dia pudéssemos calcular quanto tempo da nossa vida perdemos esperando, seja na fila de bancos, médicos e mercados, seja por amigos e companheiros em carros, cafés e praças de alimentação, ou qualquer outro tipo de espera que nos faça bocejar, bufar ou ficar inquietos, com certeza nos assustaríamos.
Mas por que, afinal, nós já classificamos este tempo como “perdido”, ao invés de aproveitá-lo com algo realmente útil? A grande pergunta que deve estar rondando a sua cabeça é :“Mas como?”
A resposta é ainda mais simplória que a pergunta: LENDO!
A leitura, quando levada como uma atividade prazerosa, acrescenta conhecimentos imensuráveis. Já disse o professor Mason Codley: “A literatura nos dá um lugar para ir quando temos que ficar onde estamos”. A atitude a ser tomada é simples:adotar um livro como seu companheiro inseparável, levá-lo para onde você for.
Nos países desenvolvidos, principalmente os europeus como a França, é frequente observarmos em metrôs, praças e outros lugares muitas pessoas com os olhos grudados nas páginas de um livro. Porém, infelizmente, em países como o Brasil, este brilhante aproveitamento de tempo não é comum.
E talvez essa diferença de mentalidade seja um dos fatores que explique as inúmeras outras grandes diferenças entre estes países, em termos econômicos e de qualidade de vida.
Afinal, como diria o nosso brilhante poeta gaúcho Mário Quintana: “Os verdadeiros analfabetos são aqueles que aprenderam a ler e não leem.”

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Mas por que as metáforas?

Para começar, penso que seja positivo esclarecer o porquê do nome deste blog. No dicionário Houaiss a palavra metáfora é definida como: "recurso estilístico que consiste na transposição do sentido objetivo de uma palavra a um outro figurado, através de uma comparação implícita".

As metáforas são usadas frequentemente para facilitar a compreensão das pessoas, simplificando assuntos demasiadamente complexos, sem deixá-los incompletos ou vagos. Por vezes elas embelezam as histórias e tornam interessantes temas aparentemente complicados.

As metáforas também já foram muito usadas na história. Na antiguidade pelos sábios, para exprimir suas ideias à humanidade. No século passado para burlar a censura e garantir o direito da liberdade de expressão durante as ditaduras. Na ditadura militar do Brasil, por exemplo, ela foi imensamente explorada por jornalistas, poetas, cantores e compositores para alertar e motivar a população a lutar por seus direitos. Por ser uma estudante de jornalismo, tenho um carinho especial pelo o que ajuda a garantir, ainda que de forma camuflada, a liberdade de expressão.

Além disso, na grande maioria das vezes, as metáforas desenvolvem a capacidade de reflexão. Atualmente, acredito que o ato de refletir esta entrando em desuso e precisa ser estimulado, pois muitos problemas poderiam ser evitados se as pessoas refletissem mais sobre o mundo, a vida e sobre seus atos e consequências.

Isso não quer dizer que o conteúdo do blog vai ser todo baseado em metáforas, pois a objetividade também tem seu valor e provavelmente será até mais utilizada do que a subjetividade. De vez em quando aparecerão algumas metáforas muito sutis, mas bastante significativas para embelezar os textos.

Aqui, na verdade, está a minha singela homenagem a esta nobre figura de linguagem que já contribuiu tanto para o desenvolvimento intelectual da humanidade.